Vive no cerro do Jarau, em meio a um imenso tesouro. O poderoso deus das cavernas, grutas e lagos. O gigante com corpo de lagarto e sete cabeças de cachorro, que desceu até o nosso mundo para construir esconderijos nas montanhas para nos livrar do plano de Anhangá, o deus das regiões infernais.
Dentro do domínio dos infinitos, os deuses sempre se reunião para discutir o destino dos mortais ou mesmo para realizar jogos e apostas, sobre a vida deles: Tupã "o espírito trovão" , Jaci a deusa Lua, Guaraci o deus Sol, Ceuci a deusa das lavouras e seu filho Jurupari "o espírito guia e guardião", Sumé o deus do conhecimento , Akuanduba que toca sua flauta para trazer ordem ao mundo, Yorixiriamori o deus pássaro, Yebá Bëlo a criadora do universo que fez os sere-humanos a partir das folhas de coca, Wanadi também deus criador. E até mesmo a personificação do mal com os deuses Luison o detentor da morte e Anhangá, inimigo de Tupã e governante das regiões infernais.
Todavia, o deus Teju Jagua era considerado um deus inferior, e foi designado pelos outros que ele não participasse das reuniões para decidir o destino da história do mortais, e nem interferir de forma direta, na vida deles. Além de não poder ter poder para interferir na vida dos seres humanos Teju Jaguar era sempre chamado de "o deus deformado" pelos outros imortais supremos. Porque a sua aparência era considerada abominável para um deus, pois era consenso entre os imortais de que um deus deveria ter a aparência além da perfeição, para que os mortais jamais possam se comparar ao seu padrão de beleza. E a existência de Teju Jagua, manchava o orgulho dos deuses, que o reprimiam ainda mais por ter nascido assim.
Teju Jagua tinha certa dificuldade de locomoção, pois apesar de ter uma estrutura gigantesca e muito firme em uma espécie de miscigenação entre lagarto e cão, ele tinha também em um único corpo, sete cabeças e equilibrar-se não era muito fácil. E devido sua discriminação ele buscou confinar-se em cavernas e grutas, das quais ele é o deus por criação. E confinou-se durante muito tempo, pois passou a acreditar que era mesmo alguém que deveria ficar no anonimato e não deixar nenhuma marca de existência. Mas conforme o tempo ia passando, o deus deformado Teju Jagua resolveu sair de seu exílio eremita, para procurar pelo mundo algum lugar que o aceitasse do jeito que ele era.
Foi então que o deus das cavernas, após sair das regiões montanhosas, vagou até chegar ao litoral. E de lá partiu,para um rumo incerto. A sua única certeza era de que sabia nadar muito bem, pois no mar não encontrava problema algum para nadar, porque lá a anatomia de seu corpo era favorecida. E Teju Jagua decidiu ir até as regiões abissais do Oceâno Atlântico. Pode ver muitas formas de vida diferentes e que são consideradas bizarras,e e lá em meio à escuridão das profundezas ele sentiu-se em casa.
Após muitos já quase cruzar todo o litoral do Brasil, enquanto passava por Fernando de Noronha, só que a muitos quilômetros abaixo, ele contemplou uma criatura aquática, a qual só reconheceu quando se aproximou. Era um de seus irmãos deuses, Mboi Tu'i que significa "serpente-papagaio" , quera o deus dos cursos de água e criaturas aquáticas e ao reconhecê-lo perguntou:
- Meu irmão, venha comigo, estou procurando um reino onde não sejamos considerados inferiores, um lugar onde todos possam ser iguais.
- Ir para onde ? estou surpreso de vê-lo aqui. Já faz muito tempo, mas não posso sair daqui, não consigo imaginar um reino que não seja o meu domínio das águas, e estou conformado na posição que estou. Me desculpe meu irmão. Te desejo sorte em sua busca.
Teju Jagua, então seguiu seu caminho, e durante muitos meses ele nadou nas profundezas e em quanto mais se distanciava de casa percebia novas formas de vida em outra regiões, e apreciou a beleza que a vida proporciona e pensou consigo mesmo:
- Esse é o segredo. Que graça teria viver em um reino onde todos são igualmente perfeitos. A lição que o mar me mostra é que é lindo ser diferente.
Independente se temos tentáculos ou nadadeiras, o importante é que temos vida para apreciar as diferenças.
E após seis meses nadando chegou até a Grécia antiga. Mas assim que sai da água, os gregos começaram a discriminá-lo dizendo que era uma outra criatura da qual nunca ouvira falar:
- Corram todos! a Hydra voltou! é o nosso fim.
E Teju Jagua, não entendia o que estava acontecendo. E enquanto caminhava pelas pólis, buscou por alguém que o recebesse nos templos, onde habitavam os deuses daquela região. E foi quando acabou por encontrar um templo de um deus chamado Zeus, e foi lá chamá-lo para que se apresentasse.
- Sou o deus dos guaranis, indígenas brasileiros. Venho em busca de conhecimento. Preciso de um lugar onde eu possa ser aceito. Seria aqui este lugar ?
E naquele momento raios e trovões começaram a cair sobre Teju Jagua, que mal conseguiu se proteger.
- Desculpe amigo, - disse Zeus - estava apenas testando se estava falando a verdade em ser um deus. A carga de força que mandei só mata mortais.
- Sem problemas. estou acostumado a ser afugentado!
- Então está em busca de conhecimento. Quer mesmo descobrir a verdade ?
- Sim, quero encontrar um lugar onde todos sejam iguais.
- Fique tranquilo caro amigo, você veio de muito longe, e eu como o soberano desta região irei convocar todos os outros deuses para recebê-lo.
E Zeus criou um tufão de raios e tempestades para que chamasse a atenção dos outros deuses. Até que começaram a aparecer.
- Quem tomou toda a ambrosia dessa vez e não deixou para Zeus ?! Gritou Poseidon.
- Deve ter sido Dionísio, fiquei sabendo que a safra de uvas nessa época não está boa, aquele bêbado deve estar se entupindo de ambrosia agora! Sádico! Depois dizem que a bebida não traz a guerra. - diz Ares.
- Para quê brigar garotos, se podemos desfrutar dos prazeres da vida e se deleitar no amor. - diz Afrodite.
- Quem foi que você seduziu dessa vez Zeus ? será que não consegue controlar seus impulsos ? - diz Era.
- Talvez o Olimpo esteja precisando ser administrado por alguém mais equilibrado, o que acha irmão Zeus ? - diz Hades
- Talvez todos devêssemos, calar a boca, e prestar atenção no que nosso exótico visitante tem a dizer sobre isso - diz Hefesto, o deus da metalurgia que era manco.
- Me desculpem por toda a agitação que causei, - diz Teju Jagua - mas estou em uma jornada na busca de conhecimento e quero encontrar um lugar onde eu possa estar entre irmãos.
- Mais um rejeitado como o aleijado do hefesto? - diz Ares.
- Mesmo aleijado, já te derrotei uma vez ! E posso Fazê-lo outra vez se assim desejar. - Replica Hefesto.
- Já chega de discórdia! - diz Zeus - Eu os convoquei para que pudéssemos orientar o nosso visitante que veio de muito longe até aqui.E... ondes estão os outros deuses ?
- Atena está ajudando Odisseu em sua jornada - susurrou Hermes aos ouvidos de Zeus - mas não conte nada a Poseidon.
-De onde venho, - diz Teju Jagua - o deus do trovão tem o nome de Tupã, e ele também é o principal entre os imortais. Ele controla o poder do trovão. E lá também temos o meu irmão, chamado Mboi Tu'i, que está encarregado do mar e das criaturas marinhas. Parece que aqui, existe alguém equivalente as funções dele, e esse alguém é Poseidon, do qual tanto ouvi falar no decorrer da viagem.
- Fico feliz em saber que meu nome é ainda é lembrado em lugares mais remotos. - diz Poseidon.
- Lá também temos um deus responsável pelas regiões infernais, e seu nome é Anhangá, e aqui quem seria mesmo ?
- Eu sou o único soberano do reino dos mortos! Comando sozinho aquele lugar, para onde vão as almas e por lá ficam para serem esquecidas.
- Perdão, não quis ofendê-lo - diz Teju Jagua - Mas é como são as coisas.
- Talvez Dionísio tenha dado todo o seu estoque de vinho para ele suposto deus. - diz Hades com tom sarcástico para Teju Jagua.
- Querido, - diz Afrodite, enquanto abraça as fortes patas de Teju Jagua - Eu aconselho a procurar em outro lugar, talvez os deuses nórdicos possam responder as suas questões, porque apesar de ser atraente e educado, não terá aqui o que procura, a menos que queira me encontrar mais tarde...
- Afrodite! Contenha-se! - Diz Zeus.
- Olha só quem fala. O símbolo da perversidade masculina!
- Tudo bem...- diz Teju Jagua - eu entendo que não possam me ajudar. Então por favor, não quero mais tomar o tempo de vocês, só me digam em qual direção devo segui para encontrar os deuses nórdicos.
- É só ir para o Norte! Não é obvio assim ? - diz Hades, sem paciência alguma.
- Obrigado a todos, e desculpe pela demora.
- Parece o Hefesto andando...olhem só como é desajustado. Um protótipo de deus! - Diz Hades.
- Não julgue pelas aparências. Ele guarda dentro de si uma força oculta. Não provocaria sua fúria se fosse você, senhor do submundo. - Diz Atena, que só surgiu ali agira.
Trovão Nórdico
Percorreu o caminho até o norte onde andou durante um mês até ir nadando pelo mar novamente. E após passar 5 dias nadando, chegou até a Dinamarca, onde encontrou um grupo de guerreiros que se auto denominavam Viquingues de Jomsborg.
Ao ver tamanha criatura sair da água sacaram suas espadas e machados e foram correndo e urrando ao encontro de Teju Jagua.
- Eu não vim para lutar! - gritou Teju Jagua. - Estou aqui procurando por Odin, alguém pode me ajudar ?
- O quê, - disse um dos guerreiros que agora paravam de correr - Você fala ? - Sou o deus Teju Jagua, estou procurando Odin, para fazer algumas perguntas, poderiam me ajudar ?
- Não escutem eles guerreiros, - disse quem os liderava - o Pai do Lobo é um grande enganador!
- Se refere a Lucien, o lobo que detém o poder da morte ?
- Podem atacar a vontade !
- Não, esperem! Eu não quero machucá-los. Não estou aqui para isso, sou um deus pacífico.
- Morra ! - gritavam enquanto corriam em sua direção ferozmente.
Mas antes mesmo dos machado atingirem a impenetrável pele de Teju Jagua, Um relâmpago cai entre eles e com ele surge o Trovão, deus nórdico Thor.
Apontando seu Mjölnir para o alto, e com postura de soberano, o poderoso Thor ordena:
- Guerreiros de Odin! Segurem sua fúria, pois esse deus estrangeiro está aqui como convidado. E deve ser tratado como tal. Não é Loki "o pai das mentiras", é apenas uma entidade que veio em busca de conhecimento, e Odin aprova sua chegada, assim como eu.
- Obrigado guerreiro deus do trovão. Nunca imaginaria ser assim tão bem recebido, nesta terra gélida porém acolhedora.
- É o mínimo que podemos fazer, é um deus assim como eu e meu pai.
- Agradeço a gentileza, a muito tempo não sou tratado assim.
- Meu pai propôs que sua chegada fosse comemorada no grande Salão de Asgard, com muito hidromel. - E começou a gargalhar depois do que disse enquanto batia no que seria o ombro de Teju Jagua.
- Sério? Eu em Asgard...
- Sinta-se honrado. Poucos guerreiros conseguem isso.
E após dispensar os serviços dos guerreiros Viquingues de Jomsborg, os famosos jomsviking, ele agora conduzia por meio da Bifrost Teju Jagua, para a terra de Asgard. E chegando lá, já foram comemorando e beberam muito hidromel e Teju Jagua nunca se sentira tão bem assim, parecia estar entre irmãos.
Não obstante, surge Odin, o deus caolho com dois corvos em seus ombros Huggin (pensamento) e Muninn (memória), e Odin Fez um brinde ao viajante longínquo e o saudou cordialmente. E Teju Jagua o agradeceu muito por toda a hospitalidade que ele oferecia.E tudo ia muito bem, até que algo muito inesperado ocorreu. Pois naquele mesmo momento de felicidade em que Teju Jagua sentiu-se feliz pela primeira vez, eis que surgiu Tupã, o "o espírito trovão" envolto em uma grandiosa nuvem negra. E o tempo fechou em Asgard.
E tupã disse, enquanto criava uma tempestade:
- Odin, onde está a sua honra e orgulho em dar a boas-vindas a um derrotado como Teju Jagua ?
- Tupã, o que faz aqui ? Não entendo, isso não faz sentido algum.
- Faz todo o sentido sim! Você planejou isso não foi - disse Thor enfurecido e referindo-se a Teju Jagua - Você fingiu ser nosso anfitrião para atacar com sua infantaria! logo aqui em nossa casa, o refúgio dos deuses nórdicos!
- Poderoso Thor, eu jamais trairia a confiança de ninguém! - diz Teju.
- Obrigado deus das cavernas Teju Jagua, sem a sua atuação, eu não teria conseguido segui-los por meio da Bifrost para chegar até aqui! - e Tupã começou a gargalhar e soavam como trovões muito fortes e amedrontadores.
Mas de repente, Teju Jagua começou a finalmente se enfurecer. E o deus cão de sete cabeças, fez o chão tremer ao começar a concentrar sua força. E enquanto Tupã gargalhava e o amaldiçoava, Teju Jagua apenas concentrava sua fúria, e em seu interior seu coração começou a ferver de ódio, e de repente a fisionomia das cabeças de cachorro passaram a demonstrar uma feição nefasta e maligna, pois agora Teju jagua, estava tomado pelo ódio. Porque para ele, naquele momento nada mais importava, abandonou tudo pela primeira vez. E Odin e Thor se afastaram, pois perceberam que a energia negativa que ali se concentrava era extremamente poderosa.
E Tupã ao vê-lo naquele estado, mergulhado na raiva grita de lá de cima:
- Maldito Teju Jaguá! o cãosinho deformado não consegue fazer amigos! Sinto pena de sua sorte! - e continuou - Você é um deus fraco! acha que vai chegar aonde com toda essa gentileza ? Isso só irá matá-lo! sera sua maior fraqueza e eu consegui explorá-la e agora você não tem nada.
E Naquele instante, Teju Jagua revelou seu lado sombrio. Pois do chão saltou para o alto tão rápido que o próprio Tupã não pode vê-lo chegar, e Teju Jagua o deu um certeiro golpe com sua mandíbulas pesadas e o lançou para o chão como um cão raivoso. E ao cair Tupã rechaçou a mesa e o chão do salão de Odin, fazendo uma das colunas que sustentavam o andar de baixo se rachar.
E Teju Jagua, voltou em direção a seu oponente que ainda estava no chão, mas Tupã reagiu e investiu com raios e relâmpagos sobre as cabeças de Teju Jagua, para tentar pará-lo, mas mesmo os relâmpagos queimando seu rosto, não foram capazes de parar a máquina de fúria que agora existia, e novamente enquanto Tupã ainda estava deitado no chão, o cão de sete cabeças agarra seus pés pelas mandíbulas e começa a correr muito rápido. E enquanto corre vai arrastando o corpo de Tupã pelo chão, deixando um grande rastro de destruição por onde passa. E Thor pensa em intervir, e fala a seu pai:
- Não permitirei que essa criatura imunda, destrua o nosso lar. Meu pai permita que eu interfira!
- Não meu filho! - Diz Odin. Temos uma lição a aprender aqui.
E Teju Jagua, agora lança Tupã de volta para as nuvens, e as sete cabeças de Teju começam a gargalhar ferozmente. Até que a luta que interrompida por Thor, que decide intervir e o deus do Trovão diz:
-Não permitirei que um traidor como você, continue a destruir nosso reino dessa forma.
Mas Teju Jagua não estava mais lá, quem a gora o dominava era a sua própria natureza selvagem e ele nem sequer fez caso do que Thor lhe falava. E quando ainda aguardava eufórico que Tupã descesse novamente das nuvens para enfrentá-lo, Thor lançou seu Mjölnir e atingiu quatro de suas cabeças. E quase que no mesmo intante, Thor voa em direção a criatura e o agarra pelo tronco lançando ele abaixo do grande salão de Asgard. Mas a força do impacto é tão grande que Teju Jagua apesar de não ter caído na coluna principal que sustentava o salão, acabou por cair muito próximo e toda a estrutura estava comprometida agora. Bastou que Teju Jagua se levantasse em meio aos destroços para que todo o salão começasse a cair. E Teju Jagua, cavalgou sobre os destroços enquanto ainda caiam até chegar ao alto da coluna do outro seguimento do Palácio de comemorações. E estando agora lá em cima pode ser visto por Tupã que o aguardava ansioso para equilibrar a luta, pois agora Thor também o ajudava e quando pulou em direção para deter Tupã novamente, Thor acertou com seu Mjölnir uma das patas dianteiras de Teju, e o mesmo se desequilibrou e começou a despencar. Mas quando estava caindo Tupã lançou sobre ele uma rajada de relâmpagos, e Thor o acompanhou e também lançou relâmpagos e sua tempestade sobre o deus cão. E o estrago foi tão grande que Teju agora estava soterrado em destroços num gigantesco buraco. E estava tão fundo que não era possível vê-lo. E Tupã disse:
- Eis aqui alguém a minha altura! Agradeço sua ajuda Thor.
- Do que está falando ? Você é o próximo maldito! - disse Thor pausadamente, para amedrontar Tupã.
- Mas irmão! Partilhamos do mesmo poder...
- Irmão ? - disse Thor
E foram interrompidos pelo salto de Teju Jagua que os alcançou no mesmo instante em que Thor percebera toda a armação. E Teju Jagua morde e agarra ferozmente os dois deuses enquanto cai com eles em direção a um lago. E agora lá ele os afunda e golpeia com sua gigantescas patas ao mesmo tempo que prende com sua mandíbulas. Mas Thor lança sobre eles, que ainda estavam em baixo d'água um poderoso raio que difunde sua corrente de energia por todo o lago e eletrocuta a todos eles, lançando-os para longe uns dos outros.
- Parem com isso, todos vocês! - ordena Odin - O pai da mentira nos enganou mais uma vez! Pois quem esta aqui é Loki, e não Tupã.
E teju Jagua se levantou enquanto demonstrava estar disposto a ouvir o que Odin tinha a dizer. E Thor também se conteve agora, porque também tinha percebido sua falha.
E Loki agora, voltou a sua forma original mas estava desacordado devido a gravidade dos ferimentos. E Teju Jagua também procurou se acalmar para retomar a razão, e foi aos poucos voltando ao normal.
- Você é muito forte deus cão! Se eu o tivesse enfrentado sozinho, pode ser até que eu tivesse tido um pouquinho mais de trabalho.
- Eram dois contra um. - disse sem paciência Teju Jagua.
E Thor, fingiu não ter ouvido e falou:
- Desculpe tê-lo chamado de traidor, é que eu convivo com o Loki já algum tempo e estou sempre duvidando dos outros porque ele sempre nos engana e passo a ter essa percepção nos outros. Me desculpe deus cão.
- Não preciso de desculpas, e nem você. Talvez mais tarde, quando um dia novamente eu voltar aqui, e ai sim poderemos terminar nossa luta, e da próxima vez de forma igualitária. - E agora pensando disse - É só isso que eu busco, igualdade.
- Teju Jagua, peço perdão por nossa postura e atitudes...
- Não preciso de perdão Odin. Na verdade eu até agradeço por ter despertado em meu ser esse poder. Mas o que realmente interessa aqui é saber a verdade. Me disseram que Odin poderia me contar a verdade. Existe verdade ? Onde posso encontrar um lugar em que eu possa ser aceito como sou, sem que desconfiem, ou me discriminem por ter nascido assim ?
E naquele momento Odin, encarou com seu único olho, a todos os quatorze olhos de Teju Jagua e pode ver as profundezas de sua dor. A dor de um ser que fora abandonado pelo seu próprio panteão. E então, finalmente disse:
- A verdade não está aqui. Você deve ir até o Rio Nilo, talvez lá você encontre o que procura. Mas a ajuda que posso te oferecer agora, seria a de pupá-lo da viagem, porque utilizando a Bifrost, você já estará nas terras do Egito em instantes. Por favor, aceite este favor como pedido de desculpas.
Teju Jagua e Anubis
E foi da neve para o Sol escaldante. Ao chegar ao Egito, viu que aquele era um grande império e avistou suntuosas construções, e ficou maravilhado com a grandiosidade daquele império que era estritamente organizado. E ao ser avistado, por alguns egípcios que trabalhavam por ali, todos os que estavam por perto, sem nenhuma exceção se prostraram diante dele. E pela primeira vez Teju Jagua, foi tratado como um deus. Mas Teju Jagua perguntou:
- Por que se prostram diante de mim ? Eu nunca fiz nada por vocês, nem sequer conhecia este lugar. Vamos! Levantem todos !
Mas os egípcios estavam paralisados com aquela visão de grandiosidade do deus cão, e foram incapazes de obedecer. Mas Teju Jagua, pulou no Nilo e começos a nadar para não ser visto na superfície. E enquanto nadava no fundo do Nilo recebeu uma visita.
- Consegue ver esses corpos ? Abandonados aqui no fundo do Nilo, que é considerado uma dádiva de vida fornecida pelo famoso deus Rá. será que ele se importa com os que estão aqui em baixo ? Todos eles abandonados.
E ia ouvindo aquela voz, mas não conseguia ver quem estava ali, e Teju Jagua, só via a quantidade de corpos aumentar, enquanto ia nadando. E eram muito corpos que nas profundezas do Nilo se amontoavam, sem boiar na superfície.
- Quer saber a verdade ? A verdade é que estamos aqui. E estamos aqui porque eles tem esperança. Mas a esperança é um sonho, e a realidade é que todos eles irão acabar como aqueles corpos que você acabou de ver. Foram abandonados.O fundo das águas habitaram até que Amnut os devore. E sejam esquecidas. Essa é a verdade que você procura. E todos os mortais estão condenados a morte e eu pesarei o coração de cada um deles. Mas todos são iguais, e eu só faço isso para me divertir.
- Quem está ai ? - diz Teju Jagua.
- Saiba que aqui está entre amigos. Somos muito parecidos, meu amigo. Veja só: Hórus tem a cabeça de Falcão; Hator é a deusa com cabeça de vaca; Baset a deusa da fertilidade e sexualidade tem a cabeça de gato; Sekhmeth tem cabeça de leoa e Thoth com cabeça de Ave; Set tem a cabela do porco formigueiro; Amnut com cabeça de crocodilo e corpo com partes de hipopótamo e leão; Rá a cabeça de uma ave de rapina.
- Exijo saber com quem estou falando!
- Suba até a superfície e te mostrarei - diz a voz.
- Eu sou aquele que tem a cabeça de chacal. Meu nome é Anúbis.
- E eu sou Teju Jagua. Sete cabeças de cão e um corpo de lagarto.
- Se sente mais familiarizado aqui, meu amigo?
- Sim, percebo que não sou tão "deformado" assim único.
- Por que se importar com a aparência ? Ela é só um meio de esconder o caráter! estou me referindo a alguns deuses gregos.
E Teju Jagua começa a rir.
- Eu cheguei a conhecer alguns. São perfeitos no quesito aparência, mas as atitudes são bem humanas. Parecem até serem a personificação dos sentimentos e instintos humanos.
- E eu fiquei sabendo que você conhece bem mesmo!
- Como assim ? diz Teju Jagua surpreso com a afirmação.
- No mundo dos deuses, nenhum segredo dura a eternidade. Pois fiquei sabendo por meio de Bastet, a nossa deusa da sexualidade, que Afrodite, a deusa da sexualidade grega teve mais um de seus deslizes e acabou se envolvendo com um certo deus de sete cabeças.
- Não acredito que ficou sabendo disso ? - disse Teju Jagua decepcionado.
- Calma meu irmão. Você está entre iguais aqui, e entendemos.
- Você veio até aqui buscar a verdade, mas a verdade somente ao futuro pertence. Talvez seus descendentes possam usufruir da verdade. Quem sabe serão heróis destemidos e até cantem canções entoando o nome deles ? Uma coisa é certa meu amigo. Você agora está em família, seja muito bem vindo ao panteão dos deuses egípcios.
- Obrigado Chacal.
Dentro do domínio dos infinitos, os deuses sempre se reunião para discutir o destino dos mortais ou mesmo para realizar jogos e apostas, sobre a vida deles: Tupã "o espírito trovão" , Jaci a deusa Lua, Guaraci o deus Sol, Ceuci a deusa das lavouras e seu filho Jurupari "o espírito guia e guardião", Sumé o deus do conhecimento , Akuanduba que toca sua flauta para trazer ordem ao mundo, Yorixiriamori o deus pássaro, Yebá Bëlo a criadora do universo que fez os sere-humanos a partir das folhas de coca, Wanadi também deus criador. E até mesmo a personificação do mal com os deuses Luison o detentor da morte e Anhangá, inimigo de Tupã e governante das regiões infernais.
Todavia, o deus Teju Jagua era considerado um deus inferior, e foi designado pelos outros que ele não participasse das reuniões para decidir o destino da história do mortais, e nem interferir de forma direta, na vida deles. Além de não poder ter poder para interferir na vida dos seres humanos Teju Jaguar era sempre chamado de "o deus deformado" pelos outros imortais supremos. Porque a sua aparência era considerada abominável para um deus, pois era consenso entre os imortais de que um deus deveria ter a aparência além da perfeição, para que os mortais jamais possam se comparar ao seu padrão de beleza. E a existência de Teju Jagua, manchava o orgulho dos deuses, que o reprimiam ainda mais por ter nascido assim.
Teju Jagua tinha certa dificuldade de locomoção, pois apesar de ter uma estrutura gigantesca e muito firme em uma espécie de miscigenação entre lagarto e cão, ele tinha também em um único corpo, sete cabeças e equilibrar-se não era muito fácil. E devido sua discriminação ele buscou confinar-se em cavernas e grutas, das quais ele é o deus por criação. E confinou-se durante muito tempo, pois passou a acreditar que era mesmo alguém que deveria ficar no anonimato e não deixar nenhuma marca de existência. Mas conforme o tempo ia passando, o deus deformado Teju Jagua resolveu sair de seu exílio eremita, para procurar pelo mundo algum lugar que o aceitasse do jeito que ele era.
Foi então que o deus das cavernas, após sair das regiões montanhosas, vagou até chegar ao litoral. E de lá partiu,para um rumo incerto. A sua única certeza era de que sabia nadar muito bem, pois no mar não encontrava problema algum para nadar, porque lá a anatomia de seu corpo era favorecida. E Teju Jagua decidiu ir até as regiões abissais do Oceâno Atlântico. Pode ver muitas formas de vida diferentes e que são consideradas bizarras,e e lá em meio à escuridão das profundezas ele sentiu-se em casa.
Após muitos já quase cruzar todo o litoral do Brasil, enquanto passava por Fernando de Noronha, só que a muitos quilômetros abaixo, ele contemplou uma criatura aquática, a qual só reconheceu quando se aproximou. Era um de seus irmãos deuses, Mboi Tu'i que significa "serpente-papagaio" , quera o deus dos cursos de água e criaturas aquáticas e ao reconhecê-lo perguntou:
- Meu irmão, venha comigo, estou procurando um reino onde não sejamos considerados inferiores, um lugar onde todos possam ser iguais.
- Ir para onde ? estou surpreso de vê-lo aqui. Já faz muito tempo, mas não posso sair daqui, não consigo imaginar um reino que não seja o meu domínio das águas, e estou conformado na posição que estou. Me desculpe meu irmão. Te desejo sorte em sua busca.
Teju Jagua no Templo de Zeus
Teju Jagua, então seguiu seu caminho, e durante muitos meses ele nadou nas profundezas e em quanto mais se distanciava de casa percebia novas formas de vida em outra regiões, e apreciou a beleza que a vida proporciona e pensou consigo mesmo:
- Esse é o segredo. Que graça teria viver em um reino onde todos são igualmente perfeitos. A lição que o mar me mostra é que é lindo ser diferente.
Independente se temos tentáculos ou nadadeiras, o importante é que temos vida para apreciar as diferenças.
E após seis meses nadando chegou até a Grécia antiga. Mas assim que sai da água, os gregos começaram a discriminá-lo dizendo que era uma outra criatura da qual nunca ouvira falar:
- Corram todos! a Hydra voltou! é o nosso fim.
E Teju Jagua, não entendia o que estava acontecendo. E enquanto caminhava pelas pólis, buscou por alguém que o recebesse nos templos, onde habitavam os deuses daquela região. E foi quando acabou por encontrar um templo de um deus chamado Zeus, e foi lá chamá-lo para que se apresentasse.
- Sou o deus dos guaranis, indígenas brasileiros. Venho em busca de conhecimento. Preciso de um lugar onde eu possa ser aceito. Seria aqui este lugar ?
E naquele momento raios e trovões começaram a cair sobre Teju Jagua, que mal conseguiu se proteger.
- Desculpe amigo, - disse Zeus - estava apenas testando se estava falando a verdade em ser um deus. A carga de força que mandei só mata mortais.
- Sem problemas. estou acostumado a ser afugentado!
- Então está em busca de conhecimento. Quer mesmo descobrir a verdade ?
- Sim, quero encontrar um lugar onde todos sejam iguais.
- Fique tranquilo caro amigo, você veio de muito longe, e eu como o soberano desta região irei convocar todos os outros deuses para recebê-lo.
E Zeus criou um tufão de raios e tempestades para que chamasse a atenção dos outros deuses. Até que começaram a aparecer.
- Quem tomou toda a ambrosia dessa vez e não deixou para Zeus ?! Gritou Poseidon.
- Deve ter sido Dionísio, fiquei sabendo que a safra de uvas nessa época não está boa, aquele bêbado deve estar se entupindo de ambrosia agora! Sádico! Depois dizem que a bebida não traz a guerra. - diz Ares.
- Para quê brigar garotos, se podemos desfrutar dos prazeres da vida e se deleitar no amor. - diz Afrodite.
- Quem foi que você seduziu dessa vez Zeus ? será que não consegue controlar seus impulsos ? - diz Era.
- Talvez o Olimpo esteja precisando ser administrado por alguém mais equilibrado, o que acha irmão Zeus ? - diz Hades
- Talvez todos devêssemos, calar a boca, e prestar atenção no que nosso exótico visitante tem a dizer sobre isso - diz Hefesto, o deus da metalurgia que era manco.
- Me desculpem por toda a agitação que causei, - diz Teju Jagua - mas estou em uma jornada na busca de conhecimento e quero encontrar um lugar onde eu possa estar entre irmãos.
- Mais um rejeitado como o aleijado do hefesto? - diz Ares.
- Mesmo aleijado, já te derrotei uma vez ! E posso Fazê-lo outra vez se assim desejar. - Replica Hefesto.
- Já chega de discórdia! - diz Zeus - Eu os convoquei para que pudéssemos orientar o nosso visitante que veio de muito longe até aqui.E... ondes estão os outros deuses ?
- Atena está ajudando Odisseu em sua jornada - susurrou Hermes aos ouvidos de Zeus - mas não conte nada a Poseidon.
-De onde venho, - diz Teju Jagua - o deus do trovão tem o nome de Tupã, e ele também é o principal entre os imortais. Ele controla o poder do trovão. E lá também temos o meu irmão, chamado Mboi Tu'i, que está encarregado do mar e das criaturas marinhas. Parece que aqui, existe alguém equivalente as funções dele, e esse alguém é Poseidon, do qual tanto ouvi falar no decorrer da viagem.
- Fico feliz em saber que meu nome é ainda é lembrado em lugares mais remotos. - diz Poseidon.
- Lá também temos um deus responsável pelas regiões infernais, e seu nome é Anhangá, e aqui quem seria mesmo ?
- Eu sou o único soberano do reino dos mortos! Comando sozinho aquele lugar, para onde vão as almas e por lá ficam para serem esquecidas.
- Perdão, não quis ofendê-lo - diz Teju Jagua - Mas é como são as coisas.
- Talvez Dionísio tenha dado todo o seu estoque de vinho para ele suposto deus. - diz Hades com tom sarcástico para Teju Jagua.
- Querido, - diz Afrodite, enquanto abraça as fortes patas de Teju Jagua - Eu aconselho a procurar em outro lugar, talvez os deuses nórdicos possam responder as suas questões, porque apesar de ser atraente e educado, não terá aqui o que procura, a menos que queira me encontrar mais tarde...
- Afrodite! Contenha-se! - Diz Zeus.
- Olha só quem fala. O símbolo da perversidade masculina!
- Tudo bem...- diz Teju Jagua - eu entendo que não possam me ajudar. Então por favor, não quero mais tomar o tempo de vocês, só me digam em qual direção devo segui para encontrar os deuses nórdicos.
- É só ir para o Norte! Não é obvio assim ? - diz Hades, sem paciência alguma.
- Obrigado a todos, e desculpe pela demora.
- Parece o Hefesto andando...olhem só como é desajustado. Um protótipo de deus! - Diz Hades.
- Não julgue pelas aparências. Ele guarda dentro de si uma força oculta. Não provocaria sua fúria se fosse você, senhor do submundo. - Diz Atena, que só surgiu ali agira.
Trovão Nórdico
Percorreu o caminho até o norte onde andou durante um mês até ir nadando pelo mar novamente. E após passar 5 dias nadando, chegou até a Dinamarca, onde encontrou um grupo de guerreiros que se auto denominavam Viquingues de Jomsborg.
Ao ver tamanha criatura sair da água sacaram suas espadas e machados e foram correndo e urrando ao encontro de Teju Jagua.
- Eu não vim para lutar! - gritou Teju Jagua. - Estou aqui procurando por Odin, alguém pode me ajudar ?
- O quê, - disse um dos guerreiros que agora paravam de correr - Você fala ? - Sou o deus Teju Jagua, estou procurando Odin, para fazer algumas perguntas, poderiam me ajudar ?
- Não escutem eles guerreiros, - disse quem os liderava - o Pai do Lobo é um grande enganador!
- Se refere a Lucien, o lobo que detém o poder da morte ?
- Podem atacar a vontade !
- Não, esperem! Eu não quero machucá-los. Não estou aqui para isso, sou um deus pacífico.
- Morra ! - gritavam enquanto corriam em sua direção ferozmente.
Mas antes mesmo dos machado atingirem a impenetrável pele de Teju Jagua, Um relâmpago cai entre eles e com ele surge o Trovão, deus nórdico Thor.
Apontando seu Mjölnir para o alto, e com postura de soberano, o poderoso Thor ordena:
- Guerreiros de Odin! Segurem sua fúria, pois esse deus estrangeiro está aqui como convidado. E deve ser tratado como tal. Não é Loki "o pai das mentiras", é apenas uma entidade que veio em busca de conhecimento, e Odin aprova sua chegada, assim como eu.
- Obrigado guerreiro deus do trovão. Nunca imaginaria ser assim tão bem recebido, nesta terra gélida porém acolhedora.
- É o mínimo que podemos fazer, é um deus assim como eu e meu pai.
- Agradeço a gentileza, a muito tempo não sou tratado assim.
- Meu pai propôs que sua chegada fosse comemorada no grande Salão de Asgard, com muito hidromel. - E começou a gargalhar depois do que disse enquanto batia no que seria o ombro de Teju Jagua.
- Sério? Eu em Asgard...
- Sinta-se honrado. Poucos guerreiros conseguem isso.
E após dispensar os serviços dos guerreiros Viquingues de Jomsborg, os famosos jomsviking, ele agora conduzia por meio da Bifrost Teju Jagua, para a terra de Asgard. E chegando lá, já foram comemorando e beberam muito hidromel e Teju Jagua nunca se sentira tão bem assim, parecia estar entre irmãos.
Não obstante, surge Odin, o deus caolho com dois corvos em seus ombros Huggin (pensamento) e Muninn (memória), e Odin Fez um brinde ao viajante longínquo e o saudou cordialmente. E Teju Jagua o agradeceu muito por toda a hospitalidade que ele oferecia.E tudo ia muito bem, até que algo muito inesperado ocorreu. Pois naquele mesmo momento de felicidade em que Teju Jagua sentiu-se feliz pela primeira vez, eis que surgiu Tupã, o "o espírito trovão" envolto em uma grandiosa nuvem negra. E o tempo fechou em Asgard.
E tupã disse, enquanto criava uma tempestade:
- Odin, onde está a sua honra e orgulho em dar a boas-vindas a um derrotado como Teju Jagua ?
- Tupã, o que faz aqui ? Não entendo, isso não faz sentido algum.
- Faz todo o sentido sim! Você planejou isso não foi - disse Thor enfurecido e referindo-se a Teju Jagua - Você fingiu ser nosso anfitrião para atacar com sua infantaria! logo aqui em nossa casa, o refúgio dos deuses nórdicos!
- Poderoso Thor, eu jamais trairia a confiança de ninguém! - diz Teju.
- Obrigado deus das cavernas Teju Jagua, sem a sua atuação, eu não teria conseguido segui-los por meio da Bifrost para chegar até aqui! - e Tupã começou a gargalhar e soavam como trovões muito fortes e amedrontadores.
Mas de repente, Teju Jagua começou a finalmente se enfurecer. E o deus cão de sete cabeças, fez o chão tremer ao começar a concentrar sua força. E enquanto Tupã gargalhava e o amaldiçoava, Teju Jagua apenas concentrava sua fúria, e em seu interior seu coração começou a ferver de ódio, e de repente a fisionomia das cabeças de cachorro passaram a demonstrar uma feição nefasta e maligna, pois agora Teju jagua, estava tomado pelo ódio. Porque para ele, naquele momento nada mais importava, abandonou tudo pela primeira vez. E Odin e Thor se afastaram, pois perceberam que a energia negativa que ali se concentrava era extremamente poderosa.
E Tupã ao vê-lo naquele estado, mergulhado na raiva grita de lá de cima:
- Maldito Teju Jaguá! o cãosinho deformado não consegue fazer amigos! Sinto pena de sua sorte! - e continuou - Você é um deus fraco! acha que vai chegar aonde com toda essa gentileza ? Isso só irá matá-lo! sera sua maior fraqueza e eu consegui explorá-la e agora você não tem nada.
E Naquele instante, Teju Jagua revelou seu lado sombrio. Pois do chão saltou para o alto tão rápido que o próprio Tupã não pode vê-lo chegar, e Teju Jagua o deu um certeiro golpe com sua mandíbulas pesadas e o lançou para o chão como um cão raivoso. E ao cair Tupã rechaçou a mesa e o chão do salão de Odin, fazendo uma das colunas que sustentavam o andar de baixo se rachar.
E Teju Jagua, voltou em direção a seu oponente que ainda estava no chão, mas Tupã reagiu e investiu com raios e relâmpagos sobre as cabeças de Teju Jagua, para tentar pará-lo, mas mesmo os relâmpagos queimando seu rosto, não foram capazes de parar a máquina de fúria que agora existia, e novamente enquanto Tupã ainda estava deitado no chão, o cão de sete cabeças agarra seus pés pelas mandíbulas e começa a correr muito rápido. E enquanto corre vai arrastando o corpo de Tupã pelo chão, deixando um grande rastro de destruição por onde passa. E Thor pensa em intervir, e fala a seu pai:
- Não permitirei que essa criatura imunda, destrua o nosso lar. Meu pai permita que eu interfira!
- Não meu filho! - Diz Odin. Temos uma lição a aprender aqui.
E Teju Jagua, agora lança Tupã de volta para as nuvens, e as sete cabeças de Teju começam a gargalhar ferozmente. Até que a luta que interrompida por Thor, que decide intervir e o deus do Trovão diz:
-Não permitirei que um traidor como você, continue a destruir nosso reino dessa forma.
Mas Teju Jagua não estava mais lá, quem a gora o dominava era a sua própria natureza selvagem e ele nem sequer fez caso do que Thor lhe falava. E quando ainda aguardava eufórico que Tupã descesse novamente das nuvens para enfrentá-lo, Thor lançou seu Mjölnir e atingiu quatro de suas cabeças. E quase que no mesmo intante, Thor voa em direção a criatura e o agarra pelo tronco lançando ele abaixo do grande salão de Asgard. Mas a força do impacto é tão grande que Teju Jagua apesar de não ter caído na coluna principal que sustentava o salão, acabou por cair muito próximo e toda a estrutura estava comprometida agora. Bastou que Teju Jagua se levantasse em meio aos destroços para que todo o salão começasse a cair. E Teju Jagua, cavalgou sobre os destroços enquanto ainda caiam até chegar ao alto da coluna do outro seguimento do Palácio de comemorações. E estando agora lá em cima pode ser visto por Tupã que o aguardava ansioso para equilibrar a luta, pois agora Thor também o ajudava e quando pulou em direção para deter Tupã novamente, Thor acertou com seu Mjölnir uma das patas dianteiras de Teju, e o mesmo se desequilibrou e começou a despencar. Mas quando estava caindo Tupã lançou sobre ele uma rajada de relâmpagos, e Thor o acompanhou e também lançou relâmpagos e sua tempestade sobre o deus cão. E o estrago foi tão grande que Teju agora estava soterrado em destroços num gigantesco buraco. E estava tão fundo que não era possível vê-lo. E Tupã disse:
- Eis aqui alguém a minha altura! Agradeço sua ajuda Thor.
- Do que está falando ? Você é o próximo maldito! - disse Thor pausadamente, para amedrontar Tupã.
- Mas irmão! Partilhamos do mesmo poder...
- Irmão ? - disse Thor
E foram interrompidos pelo salto de Teju Jagua que os alcançou no mesmo instante em que Thor percebera toda a armação. E Teju Jagua morde e agarra ferozmente os dois deuses enquanto cai com eles em direção a um lago. E agora lá ele os afunda e golpeia com sua gigantescas patas ao mesmo tempo que prende com sua mandíbulas. Mas Thor lança sobre eles, que ainda estavam em baixo d'água um poderoso raio que difunde sua corrente de energia por todo o lago e eletrocuta a todos eles, lançando-os para longe uns dos outros.
- Parem com isso, todos vocês! - ordena Odin - O pai da mentira nos enganou mais uma vez! Pois quem esta aqui é Loki, e não Tupã.
E teju Jagua se levantou enquanto demonstrava estar disposto a ouvir o que Odin tinha a dizer. E Thor também se conteve agora, porque também tinha percebido sua falha.
E Loki agora, voltou a sua forma original mas estava desacordado devido a gravidade dos ferimentos. E Teju Jagua também procurou se acalmar para retomar a razão, e foi aos poucos voltando ao normal.
- Você é muito forte deus cão! Se eu o tivesse enfrentado sozinho, pode ser até que eu tivesse tido um pouquinho mais de trabalho.
- Eram dois contra um. - disse sem paciência Teju Jagua.
E Thor, fingiu não ter ouvido e falou:
- Desculpe tê-lo chamado de traidor, é que eu convivo com o Loki já algum tempo e estou sempre duvidando dos outros porque ele sempre nos engana e passo a ter essa percepção nos outros. Me desculpe deus cão.
- Não preciso de desculpas, e nem você. Talvez mais tarde, quando um dia novamente eu voltar aqui, e ai sim poderemos terminar nossa luta, e da próxima vez de forma igualitária. - E agora pensando disse - É só isso que eu busco, igualdade.
- Teju Jagua, peço perdão por nossa postura e atitudes...
- Não preciso de perdão Odin. Na verdade eu até agradeço por ter despertado em meu ser esse poder. Mas o que realmente interessa aqui é saber a verdade. Me disseram que Odin poderia me contar a verdade. Existe verdade ? Onde posso encontrar um lugar em que eu possa ser aceito como sou, sem que desconfiem, ou me discriminem por ter nascido assim ?
E naquele momento Odin, encarou com seu único olho, a todos os quatorze olhos de Teju Jagua e pode ver as profundezas de sua dor. A dor de um ser que fora abandonado pelo seu próprio panteão. E então, finalmente disse:
- A verdade não está aqui. Você deve ir até o Rio Nilo, talvez lá você encontre o que procura. Mas a ajuda que posso te oferecer agora, seria a de pupá-lo da viagem, porque utilizando a Bifrost, você já estará nas terras do Egito em instantes. Por favor, aceite este favor como pedido de desculpas.
Teju Jagua e Anubis
E foi da neve para o Sol escaldante. Ao chegar ao Egito, viu que aquele era um grande império e avistou suntuosas construções, e ficou maravilhado com a grandiosidade daquele império que era estritamente organizado. E ao ser avistado, por alguns egípcios que trabalhavam por ali, todos os que estavam por perto, sem nenhuma exceção se prostraram diante dele. E pela primeira vez Teju Jagua, foi tratado como um deus. Mas Teju Jagua perguntou:
- Por que se prostram diante de mim ? Eu nunca fiz nada por vocês, nem sequer conhecia este lugar. Vamos! Levantem todos !
Mas os egípcios estavam paralisados com aquela visão de grandiosidade do deus cão, e foram incapazes de obedecer. Mas Teju Jagua, pulou no Nilo e começos a nadar para não ser visto na superfície. E enquanto nadava no fundo do Nilo recebeu uma visita.
- Consegue ver esses corpos ? Abandonados aqui no fundo do Nilo, que é considerado uma dádiva de vida fornecida pelo famoso deus Rá. será que ele se importa com os que estão aqui em baixo ? Todos eles abandonados.
E ia ouvindo aquela voz, mas não conseguia ver quem estava ali, e Teju Jagua, só via a quantidade de corpos aumentar, enquanto ia nadando. E eram muito corpos que nas profundezas do Nilo se amontoavam, sem boiar na superfície.
- Quer saber a verdade ? A verdade é que estamos aqui. E estamos aqui porque eles tem esperança. Mas a esperança é um sonho, e a realidade é que todos eles irão acabar como aqueles corpos que você acabou de ver. Foram abandonados.O fundo das águas habitaram até que Amnut os devore. E sejam esquecidas. Essa é a verdade que você procura. E todos os mortais estão condenados a morte e eu pesarei o coração de cada um deles. Mas todos são iguais, e eu só faço isso para me divertir.
- Quem está ai ? - diz Teju Jagua.
- Saiba que aqui está entre amigos. Somos muito parecidos, meu amigo. Veja só: Hórus tem a cabeça de Falcão; Hator é a deusa com cabeça de vaca; Baset a deusa da fertilidade e sexualidade tem a cabeça de gato; Sekhmeth tem cabeça de leoa e Thoth com cabeça de Ave; Set tem a cabela do porco formigueiro; Amnut com cabeça de crocodilo e corpo com partes de hipopótamo e leão; Rá a cabeça de uma ave de rapina.
- Exijo saber com quem estou falando!
- Suba até a superfície e te mostrarei - diz a voz.
- Eu sou aquele que tem a cabeça de chacal. Meu nome é Anúbis.
- E eu sou Teju Jagua. Sete cabeças de cão e um corpo de lagarto.
- Se sente mais familiarizado aqui, meu amigo?
- Sim, percebo que não sou tão "deformado" assim único.
- Por que se importar com a aparência ? Ela é só um meio de esconder o caráter! estou me referindo a alguns deuses gregos.
E Teju Jagua começa a rir.
- Eu cheguei a conhecer alguns. São perfeitos no quesito aparência, mas as atitudes são bem humanas. Parecem até serem a personificação dos sentimentos e instintos humanos.
- E eu fiquei sabendo que você conhece bem mesmo!
- Como assim ? diz Teju Jagua surpreso com a afirmação.
- No mundo dos deuses, nenhum segredo dura a eternidade. Pois fiquei sabendo por meio de Bastet, a nossa deusa da sexualidade, que Afrodite, a deusa da sexualidade grega teve mais um de seus deslizes e acabou se envolvendo com um certo deus de sete cabeças.
- Não acredito que ficou sabendo disso ? - disse Teju Jagua decepcionado.
- Calma meu irmão. Você está entre iguais aqui, e entendemos.
- Você veio até aqui buscar a verdade, mas a verdade somente ao futuro pertence. Talvez seus descendentes possam usufruir da verdade. Quem sabe serão heróis destemidos e até cantem canções entoando o nome deles ? Uma coisa é certa meu amigo. Você agora está em família, seja muito bem vindo ao panteão dos deuses egípcios.
- Obrigado Chacal.